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Bloco de Notas

Engavetei os sonhos

o que não for para hoje

não me interessa

Tanto que corri

Demorou pra chegar

Mas não havia linha de chegada

Apenas um precipício

Agora

Correr não faz mais sentido

ou correr

nunca fez sentido

As seis da manhã quando toca o despertador, eu morro.

As sete quando o transito para, eu morro.

As dez horas quando o chefe reclama do trabalho, eu morro

Ao meio dia quando a gordura da comida nauseia, eu morro.

As duas da tarde quando o suor escorre na testa, eu morro.

As cinco quando há um acidente no cruzamento e a fila não anda, eu morro.

As sete quando o noticiário fala, eu morro.

As dez quando ainda há trabalho a ser feito, eu morro.

As onze quando enfim me deito

Aqui jaz

E nesse jaz, eu espero o dia em que serei viva.

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